A discussão sobre o retorno da homologação sindical nas rescisões trabalhistas tem ganhado destaque no Supremo Tribunal Federal, com o ministro Gilmar Mendes defendendo a importância da participação dos sindicatos nesse processo. Segundo o ministro, a presença das entidades classistas durante a homologação é fundamental para proteger os direitos dos trabalhadores e diminuir o número de ações judiciais na Justiça do Trabalho. A medida visa resgatar o papel conciliador dos sindicatos, que foram afastados dessa função após a reforma trabalhista de 2017.
Desde a implementação da reforma trabalhista, os sindicatos perderam o poder de homologar rescisões, o que resultou em maior vulnerabilidade para os trabalhadores. Muitos passam a assinar acordos diretamente com as empresas, muitas vezes sem a garantia de que todos os direitos foram respeitados, levando ao aumento dos litígios judiciais. Dados do Conselho Nacional de Justiça mostram que em 2023 houve uma alta expressiva nos processos trabalhistas, refletindo a falta de mediação entre trabalhadores e empregadores.
A proposta de retorno da homologação sindical também conta com apoio no Congresso Nacional, onde o deputado Paulinho da Força protocolou um projeto que torna obrigatória a participação das entidades sindicais na homologação das rescisões contratuais. O projeto prevê ainda a possibilidade de homologação com ressalvas quando houver divergência sobre valores a receber, dando ao empregador prazo para tentar conciliar o acordo antes que o trabalhador tenha que recorrer à Justiça. Essa iniciativa busca fortalecer a conciliação e evitar processos judiciais prolongados.
O debate no Supremo Tribunal Federal e no Congresso indica uma busca por equilíbrio entre a proteção ao trabalhador e a redução da sobrecarga do sistema judiciário. A homologação sindical é vista como um instrumento que pode conferir maior segurança jurídica ao processo de rescisão contratual, protegendo os trabalhadores, especialmente aqueles com menor poder de negociação, contra possíveis abusos por parte dos empregadores. O retorno dessa prática poderá contribuir para a pacificação das relações trabalhistas no Brasil.
Um ponto sensível da proposta diz respeito aos trabalhadores que recebem até dois salários mínimos, que terão direito a contestar pagamentos da rescisão mesmo após a homologação. Esse critério visa proteger os segmentos mais vulneráveis da população trabalhadora, garantindo que direitos básicos sejam respeitados. Já acordos firmados sem contestação poderão ser considerados quitados e sem possibilidade de recurso, o que gera discussões entre especialistas e representantes dos trabalhadores.
Além da importância para os trabalhadores, o retorno da homologação sindical pode impactar positivamente a Justiça do Trabalho, que vem enfrentando um crescimento significativo no número de processos. A ausência da mediação sindical tem contribuído para o aumento das demandas judiciais, muitas vezes relacionadas a questões que poderiam ser resolvidas por meio de diálogo entre as partes. A medida pode reduzir essa sobrecarga e agilizar a resolução dos conflitos.
Gilmar Mendes tem buscado diálogo com o Congresso para construir uma solução que beneficie tanto os trabalhadores quanto o sistema jurídico, evitando conflitos entre os poderes e promovendo um ambiente mais justo e eficiente para a resolução das disputas trabalhistas. A articulação entre o STF, o Legislativo e as entidades sindicais indica um esforço conjunto para corrigir distorções trazidas pela reforma de 2017 e fortalecer o papel dos sindicatos.
Assim, o retorno da homologação sindical nas rescisões trabalhistas desponta como uma estratégia importante para a proteção dos direitos dos trabalhadores e para a redução dos processos judiciais no Brasil. A medida pode representar um avanço na conciliação trabalhista, trazendo mais segurança e equilíbrio para as relações de trabalho, beneficiando empregadores, empregados e o sistema judiciário como um todo.
Autor: Varderleyy Otter