O anúncio do fechamento de 342 agências do Bradesco no Brasil provocou uma reação intensa do movimento sindical. Para os bancários, essa reestruturação não é apenas um ajuste operacional, mas uma decisão que afeta diretamente a vida de trabalhadores e clientes. O sindicato não vê apenas números: há rostos por trás dessas agências, pessoas que perdem emprego, convivência com colegas, e a comunidade que se vê privada de um atendimento próximo.
Desse ponto de vista, o fechamento das unidades físicas é percebido pelos sindicatos como parte de uma estratégia de maximização de lucro a qualquer custo. Enquanto o banco justifica os cortes como “otimização do custo”, líderes sindicais denunciam que o Bradesco registrou lucros bilionários recentemente, o que torna contraditória a priorização de eficiência sobre a função social. Para o sindicalismo, há uma dissonância entre os ganhos financeiros do banco e a desvalorização de seus trabalhadores.
Outra preocupação central levantada pelos sindicatos é a sobrecarga dos bancários que permanecem nas agências restantes. Com menos unidades, cada unidade física ativa precisa absorver mais clientes, o que pode significar filas mais longas, maior volume de atendimento e pressão para entrega de metas. Além disso, os bancários remanescentes relatam adoecimento, assédio e desgaste emocional, fruto de uma reestruturação que parece ter pouco planejamento humano e social.
Do ponto de vista da população, o fechamento de agências significa menos pontos de atendimento presencial, o que é especialmente preocupante para pessoas com dificuldades de usar canais digitais, como parte da população idosa. Em bairros mais distantes ou com menor densidade digital, a perda de uma agência representa um retrocesso no acesso aos serviços bancários mais básicos. Os sindicatos alertam que essa desagregação da rede física fragiliza a relação social entre o banco e a comunidade.
As mobilizações sindicais se intensificam. Protestos em diferentes regiões têm sido organizados para denunciar a política de fechamento como uma forma de precarização do trabalho. Representantes sindicais argumentam que o banco deveria reinvestir parte dos lucros no atendimento presencial e na valorização do quadro de funcionários, em vez de simplesmente enxugar despesas para melhorar margens financeiras.
Além disso, a entidade sindical aponta a necessidade de responsabilização por parte de autoridades públicas. Se um banco privado com alta lucratividade enfraquece sua rede física, o impacto social recai sobre clientes e trabalhadores, gerando desigualdades regionais e restrições de acesso. O sindicato defende que haja diálogo com os órgãos reguladores para garantir que o fechamento de agências não comprometa a inclusão financeira da população.
Para os bancários, não se trata apenas de lutar por seus empregos, mas por uma visão de futuro em que o atendimento bancário presencial continue existindo como alternativa viável. Eles alertam que a digitalização, embora real e importante, não deve servir de justificativa para desmontar completamente a infraestrutura física. É preciso equilibrar inovação com responsabilidade social.
Em síntese, o fechamento das 342 agências do Bradesco é visto pelo movimento sindical como uma agressão dupla: aos bancários, por reduzir postos de trabalho e sobrecarregar quem fica, e aos clientes, por limitar o acesso ao atendimento. A mobilização sindical reforça a urgência de repensar esse modelo de reestruturação, exigindo que lucro e humanização caminhem juntos, para que a rede bancária não perca sua relevância social.
Autor: Varderleyy Otter
