O ministro da Justiça, Flávio Dino, autorizou o presidente do Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais (Sindnapi) a permanecer em silêncio durante seu depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, realizada nesta quinta-feira. Milton Baptista, líder da entidade, é apontado como aliado próximo de Frei Chico, irmão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A decisão de Dino gerou reações diversas no cenário político. Parlamentares da oposição criticaram a medida, alegando que ela poderia prejudicar a apuração de possíveis irregularidades envolvendo a atuação do sindicato e a relação com Frei Chico. Por outro lado, aliados do governo federal defenderam a prerrogativa do ministro em autorizar o silêncio, considerando-o um direito constitucional do depoente.
Durante a sessão, Baptista optou por não responder às perguntas dos parlamentares, amparado pela autorização de Dino. A CPMI investiga supostas fraudes no INSS e a atuação de entidades sindicais em processos administrativos relacionados. A presença de Frei Chico no sindicato foi omitida em declarações ao INSS, conforme apontado pela Controladoria-Geral da União (CGU).
A postura do ministro Flávio Dino e a decisão de autorizar o silêncio do presidente do Sindnapi levantam questões sobre a autonomia das comissões parlamentares e os limites da atuação do Executivo em investigações conduzidas pelo Legislativo. Especialistas em direito constitucional destacam que, embora a CPMI tenha poderes de convocar e interrogar testemunhas, a Constituição assegura ao depoente o direito de permanecer em silêncio, sem que isso implique em presunção de culpa.
A relação entre entidades sindicais e figuras políticas próximas ao governo tem sido um tema recorrente em investigações parlamentares. A CPMI do INSS, instaurada com o objetivo de apurar irregularidades no sistema previdenciário, ampliou seu escopo para incluir a atuação de sindicatos e suas conexões com membros da administração pública.
O episódio também reacende o debate sobre a transparência e a ética na gestão pública, especialmente no que tange à atuação de entidades representativas dos servidores. A omissão de informações relevantes em documentos oficiais e a falta de clareza nas relações entre sindicatos e políticos são apontadas como fatores que comprometem a confiança da sociedade nas instituições públicas.
A CPMI do INSS deve prosseguir com a oitiva de outras testemunhas e a análise de documentos relacionados às investigações. A expectativa é de que novos depoimentos possam esclarecer a extensão das supostas irregularidades e a responsabilidade de cada envolvido.
Enquanto isso, o governo federal reafirma seu compromisso com a transparência e o combate à corrupção, destacando que todas as medidas necessárias serão tomadas para garantir a lisura dos processos administrativos e a responsabilização de eventuais envolvidos em práticas ilícitas.
Autor: Varderleyy Otter
